22.2.06

Quer uma cereja?



Os presentes
(Kléber Albuquerque)

Que presentes te daria
Uma estrela vã do firmamento
Pra iluminar o vão do pensamento
Pra iluminar o vão do pensamento

Um TV na garantia
Árvores plantadas no cimento
E o meu perfume na rosa dos ventos
E o meu perfume na rosa dos ventos

Um novo ritmo
Cartas de amor com frente e verso
E meu percurso nesse universo
E meu percurso nesse universo

Nas horas sem fim
Em que a dor não tem mais cabimento
É no teu prumo que eu me oriento
É no teu prumo que eu me oriento

Catedrais de alvenaria
Senhas pra não mais perder a vez
Casa, comida e um milhão por mês
Casa, comida e um milhão por mês

9.2.06

Ele se valeu, mas não se rendeu...



A peleja foi como o grande clássico: Duelo de Titãs, sendo que só um titã guerreava com ele mesmo. Falava com ele mesmo. Arquitetava com ele mesmo. Dominado por ele mesmo. Sufocado por ele mesmo. Derrotado por ele mesmo. Arrasado por ele mesmo.
(Confuso não?! Os filhos de Marte são assim: egoístas).
Ele navegou pelo oceano dos sonhos encantados. Pegou seu cavalo e campeou até achar o cavaleiro da armadura reluzente. Entrou na barca de Jason e os Argonaltas. Enfrentou suas falhas e dificuldades mais inveteradas. Caiu de cara no mistério dos sentimentos: acreditou, vislumbrou, sonhou, apaixonou, amou.
(Dinâmico não?! Os filhos de Marte são assim também: entusiasmados).
Pirou, surtou, exagerou, se fodeu de verde e amarelo, e gritou:
- Que venha o Fevereiro com sua carga de Inferno Astral.
Imagina se pra ele não fosse assim... A guerra não teria sentido, não é?! Sem desafios, sem batalhas, sem conquistas e isso seria terrível pra quem vive e respira o ar dos grandes combates.
(Corajoso não?! Os filhos regidos pelo Deus da Guerra são assim mesmo: VISCERAIS).

Canto em qualquer canto
Ná Ozzetti/Itamar Assumpção

Vim cantar sobre essa terra
Antes de mais nada aviso
Trago facão, paixão crua
E bons rocks no arquivo
Tem gente que pira e berra
Eu já canto pio e silvo
Se fosse minha essa rua
O pé de Ipê estava vivo

Pro topo daquela serra
Vamos nós dois vídeo e livros
Vou ficar na minha e sua
Isso é mais que bom motivo
Gorjearei pela terra
Para dar e ter alívio
Gorjeando eu fico nua
Entre o choro e o riso

Pintassilga, pomba, mélroa
Águia lá do paraíso
Passarim, mundo da lua
Quando não trino não sirvo
Caso a bela com a fera
Canto porque é preciso
Porque essa vida é árdua
Pra não perder o juízo

1.2.06

tudo vem

Momento Arnaldo Antunes.
Sem comentários...



Do vento
Arnaldo Antunes / Paulo Tatit / Sandra Peres


alimenta o fogo
atormenta o mar
arrepia o corpo
joga o ar no ar
leva o barco a vela
levanta lençóis
entra na janela
leva a minha voz
nuvens de areia
folhas no quintal
canto de sereia
roupas no varal
tudo vem do vem tudo vem
do vento vem tudo vento vem
do vento vem tudo
sacode a cortina
alça os urubus
sai pela narina
canta nos bambus
cabelo embaraça
bate no portão
espalha a fumaça
varre a plantação
lava o pensamento
deixa o som chegar
leva esse momento
traz outro lugar
tudo vem do vem tudo vem
do vento vem tudo vento vem
do vento vem tudo